terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pés frios


Tenho os pés muitíssimo frios. Esta é, aliás, a única razão para estar a escrever este texto, o qual, ainda por cima, há-de ser apenas um entre os vários milhões de textos já dedicados a esta temática desde, pelo menos, o início da escrita. Talvez a maior parte da literatura e da filosofia produzida ao longo dos tempos resulte precisamente da dificuldade que certas pessoas têm para manterem os pés quentes. Montaigne, por exemplo. Walser. Joyce. Kafka. Tudo gente com frio, suponho.

Trata-se de um enorme aborrecimento e, no meu caso concreto, tenho os pés tão frios que até já me dói um pouco a cabeça. Mas faço o que posso para afastar do corpo esta humidade ruim. Caminho até ao fundo da rua. Deixo-me estar ao sol sempre que isso seja praticável. Passo as tardes em sítios com aquecimento central. Encolho-me para poupar energias. Só não executo um trabalho como deve ser porque parece que, neste momento, isso seria um enorme fardo para a economia. Mas, seja como for, quando o frio aperta chego ao desplante de me pôr também a escrever coisas. Façam o favor de me desculpar. Prometo adquirir um aquecedor.