A notícia tem já alguns dias, mas vale o que vale: o programa Praça da Alegria, da RTP, vai deixar de ser produzido e emitido a partir dos estúdios do Monte da Virgem, passando, como quase tudo, a ser feito em Lisboa. Em si, é apenas mais um pormenor (significativo) do estado a que o Grande Porto chegou durante os onze anos de mandato municipal e metropolitano de Rui Rio: uma metrópole esvaziando-se e perdendo importância, excepto quando se trate de beber copos na terra sem lei em que se transformou a Baixa.
O autarca que se tem em elevadíssima conta não emitiu ainda um pio sobre o assunto — e estranho seria que, desta vez, dissesse alguma coisa, depois de ter visto morrer os históricos O Primeiro de Janeiro e O Comércio do Porto, não sem, aliás, deixar de demonstrar alguma satisfação pessoal pelo desaparecimento de duas instituições da cidade (sim, eu sei que o Janeiro ainda sai para as bancas, mas mantenho o que escrevi), e de ter publicamente desejado que também o Jornal de Notícias e o Público engolissem uma mordaça (e o Público...). Isento e realmente informativo só o site do município, o respectivo canal televisivo e a revista que os contribuintes pagam para que Rui Rio esfregue de auto-comprazimento a própria barriga.
Tomada pela tão daninha erva, a Baixa continua a apodrecer, sem gente, e o mal já contaminou, por absoluta inépcia, ao resto da cidade. Basta dar uma volta pela Boavista, por exemplo, para constatar como o Porto se vai transformando numa impressionante natureza morta de fachadas desabitadas e entaipadas. À volta de Rui Rio reinará, daqui a muito pouco tempo, o deserto e o sepulcral silêncio dos cemitérios (os turistas, incluindo os da Ryanair, adoram visitar cemitérios; cemitérios e mercados, mas, neste caso, já não temos nenhum que se apresente), de modo a que apenas a sua verdade verdadeira ecoe entre as entorpecidas gentes.
Ó, mui nobre sempre leal e invicta, que está mais de joelhos do que a Linda Lovelace nos saudosos dias de gravação.
