quinta-feira, 28 de junho de 2012

Coisas bonitas dos serviços públicos



Nunca tendo fraudado as Finanças (por palavras, actos ou omissões), nem deixado, por exemplo, uma conta de água por pagar, seria de esperar que estes dois serviços públicos me tratassem, ao menos, com alguma consideração. Mas que tolo que eu sou!

Recebi há dias uma carta da (eficientíssima) empresa municipal Águas do Porto, a qual, invocando uma alínea qualquer de um determinado decreto-lei, que alguém aprovou sorrateiramente, me intimava a estar em casa uma certa manhã para que procedessem à leitura do contador, ameaçando-me, desde logo, que procederiam "há (sic) suspensão do fornecimento de água" caso eu persistisse no comportamento criminoso de estar a trabalhar à hora a que os funcionário vêm fazer o trabalho deles.

As Finanças conseguiram hoje, porém, ser ainda mais criativas. Comunicaram-me que a minha declaração de rendimento foi "seleccionada para análise" e fiquei consequentemente notificado para, no prazo de quinze dias, fazer prova de que a minha filha de 19 anos é realmente minha filha e não uma invenção perversa que mantive durante todo este tempo com o intuito de prejudicar e atentar contra a sagrada Direcção-Geral dos Impostos.

Cumprirei, claro, também esta determinação, como cumpri a anterior, disponibilizando-me mesmo para a realização de testes de ADN que esclareçam cabalmente qualquer dúvida que possa pairar sobre a minha idoneidade fiscal. Embora, num caso como noutro, devesse, isso sim, mandar foder esta gente de uma vez por todas.