quinta-feira, 3 de maio de 2012

Quatro meses para guardar na memória


Talvez eu seja, muito simplesmente, um tipo com alguma sorte. Está bem, admito: sou um tipo mesmo com muita sorte (desde que a equação elimine as componentes Euromilhões, Totoloto, Totobola, lotaria, raspadinha, aumento salarial e sucesso profissional). Mas não se pode ter tudo (ainda que pudesse apreciar bastante a eventualidade de fazer parte do grupo de pessoas que modestamente contribuiu para o aumento de 18% na venda de Porsches, que afinal a crise não é para todos e tal). Mas adiante. Sou um tipo de sorte na medida em que, assim de repente, não me posso queixar de ter lido este ano um único livro mau (consideração em que, evidentemente, não estão incluídos aqueles que eu possa ter escrito) e, bem pelo contrário, só me têm saído grandes malhas, da velharia Uma Aventura Inquietante, do Miguéis, ao fresquíssimo Ar de Dylan, do Vila-Matas, passando, já agora, e espero não me esquecer de nenhum, por O passageiro do fim do dia (Rubens Figueiredo), Ribamar (José Castello), O Teu Rosto Será o Último (João Ricardo Pedro), Nemésis (Philip Roth; desaparecido em combate), José (Rubem Fonseca), Rostos na Multidão (Valeria Luiselli), Gente da Terceira Classe (outro do José Rodrigues Miguéis), Os Malaquias (Andréa del Fuego), Uma Abelha na Chuva (Carlos de Oliveira), Os Sete Loucos (Roberto Arlt), A Pista de Gelo (Roberto Bolaño), Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos (Tony Judt), Pornopopeia (Reinaldo Moraes), Canções Mexicanas (Gonçalo M. Tavares) e Una Novelita Lumpen (Roberto Bolaño). Ufffff... E ainda dizem que se produz pouco neste país.