quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Como não percebo nada de economia, até posso fazer resumos muito inocentes da coisa



Se a memória não me engana, foram os mercados (e aquele que era, então, o seu porta-voz, um tal de Cavaco Silva) que nos convenceram a investir na bolsa, em auto-estradas, em novas tecnologias (o futuro!) e em casas próprias, uma vez que coisas como produzir, pescar e cultivar eram completamente anacrónicas e terceiro-mundistas. Depois, quando, afinal, não precisávamos todos de informação a toda a hora no telemóvel, os mercados perceberam já não conseguiam aguentar tanta casa por vender, tanto empréstimo por pagar, e vieram de mão estendida cravar o dinheiro dos nossos impostos, o que tínhamos e o que não tínhamos (e Sócrates e sus muchachos fizeram-lhes o favorzinho). A seguir, como pedimos dinheiro emprestado para evitar a falência do sector financeiro e o caos que sobreviria como as sete pragas do Egipto, os mercados baixaram-nos o rating e aumentaram-nos os juros, até o ponto em que tínhamos de pedir empréstimos para pagar empréstimos e já não merecíamos a confiança dos mercados (para novos empréstimos). Fomos, por isso, de mão estendida aos mercados pedir que nos financiassem a juros mais camaradas, ao que os mercados acederam, desde que vendêssemos as empresas públicas e reduzíssemos os direitos sociais dos chatos dos trabalhadores (e nada melhor que um social-democrata como Passos Coelho e a sua comandita para distribuírem entre eles os benefícios da "liberalização"). Também concordámos e fizemos o que nos mandaram, cortando tanto e tão pouco que, sem dinheiro para gastar, os consumidores se retraíram e deixaram de comprar várias coisas, supérfluas ou não, atirando a economia para o vórtice da recessão. E eis que, salvadores, os mercados reaparecem e voltam a baixar-nos o rating (e a puta que os pariu), agora a pretexto de que a economia está recessiva. Conseguem imaginar o que vai acontecer a seguir?