terça-feira, 22 de março de 2011

O eterno retorno (para ler de um só fôlego)

Parece que o governo vai cair amanhã, ou depois de amanhã, o mais tardar na sexta, ou na próxima semana, assim se confirmem as infalíveis previsões anunciadas há várias semanas, e depois há-de haver eleições e há-de ser formado um novo governo, o qual, como aqueles que o precederam, há-de explicar às massas que o país está de tanga, há-de anunciar projectos mobilizadores (e caros) que dinamizem a economia e há-de prometer pôr as contas públicas em ordem, tal como o governo ainda em funções, os que o precederam e aqueles que depois virão, sendo necessário, para tal, nomear vários assessores, directores gerais, directores de departamento, directores adjuntos, adjuntos dos directores adjuntos, chefes dos respectivos gabinetes, secretárias, motoristas, ajudantes, ajudantes de ajudantes, delegados regionais e ajudantes destes, indemnizando, evidentemente, aqueles que lá estão agora, uns atrás dos outros, infatigavelmente, até que já não haja país ou acabemos por concluir que, se é para ter governos destes, é melhor não ter governo algum.