segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Respeitinho, se faz favor

Segundo uma notícia que ontem li, "um grupo de deputados do PS pretende que os bancos autoproponham um aumento da taxa efectiva de IRC no sector bancário para 'colaborarem no esforço colectivo de redução do défice'". Este aumento, acrescenta a notícia, "poderia ser temporário e seria uma espécie de agradecimento activo pelo apoio do Governo à banca nos últimos anos". A proposta, porém, "não agrada à banca".

Parece-me, de facto, um atrevimento inaudito por parte dos senhores deputados, isto de sugerir que os bancos se autoproponham a pagar impostos. Se fossem gente minimamente responsável, os deputados saberiam que a banca é muito susceptível e irritadiça e que, por isso, devem dirigir-se-lhe com modos mais cortezes e respeitosos. Devem, por exemplo, pedir desculpa por estarem a incomodar e perguntar humildemente aos senhores banqueiros, com um joelho no chão e a cabeça baixa, se não se importam, porventura, de nos beneficiar com a fineza de, por favor, terem compaixão dos outros contribuintes, de modo a que o povo veja neles os perfeitos beneméritos que deveras são. Se a banca se abespinha é um problema. O sistema financeiro até é capaz de se vingar e aumentar os juros da dívida pública ou assim.