sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Andrés e Francine



Andrés, a personagem de O Livro de Manuel, de Julio Cortázar, leva Francine para os sítios mais sórdidos de Paris. Juntos atravessam espectáculos decadentes de striptease e ruas onde há bêbados vomitando, num vórtice de aviltamento que não se percebe se é simples necessidade de humilhação de Francine, agora que Andrés pode transitar entre a livreira francesa e Ludmila, a polaquinha, ou se Andrés pretende, de facto, mostrar que aquelas pessoas que habitam o avesso da cidade podiam também ser eles, Andrés e Francine. Calhando, nem interessa nada e podem ser ambas as coisas. Ou nenhuma. O lado obscuro das cidades, do mundo, não é, em todo o caso, sítio no qual se deva mergulhar com Francine pela mão, a menos que, para além de Francine, haja já, também, Ludmila. E Paris tenha deixado de ser uma festa.