terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pynchon com gralhas, demasiadas gralhas



Nutro simpatia, respeito e admiração pela editora Relógio d'Água, o que, creio, se justifica inteiramente, quando mais não fosse por causa de Walser, Clarice Lispector, Javier Marías ou Raduan Nassar. E entendo perfeitamente que não seja um sentimento mútuo. Mas, francamente, não precisavam de me agredir logo na primeira incursão a sério pela literatura de Thomas Pynchon (a qual, suspeito, se vai revelar menos interessante do que a lenda e o mistério que rodeiam Thomas Pynchon). "O Leilão do Lote 49", recentemente editado, está repleto de gralhas: "influência" em vez de "influencia", por exemplo, mas também, os "à" e os "às", que estão quase todos sem acento, e os "é", que idem, o que não se percebe por muito boa vontade que se queira ter, pois apenas demonstra que o único revisor que o texto teve foi automático. Enquanto gémeo de Thomas Pynchon, do qual fui tragicamente separado à nascença, e na defesa da sagrada honra familiar, deixo aqui, pois, o meu mais veemente protesto.

P.S.: segundo informa a Maria José Oliveira, as gralhas do livro são herdadas da primeira e única tradução de "O Leilão do Lote 49", feita para a editora Fragmentos há já alguns anos. Agradeço obviamente a dica, a qual, porém, não ilude o essencial - eu paguei um livro que mete nojo, tantas são as gralhas que tem. Em resumo: sinto-me vigarizado.